Episódio 1: Início da construção do braço “mecânico”
Após reunir todas as peças e engrenagens que tinha em casa, cheguei à conclusão que seria muito mais fácil utilizar LEGO para construir uma estrutura que se movimentasse, devido aos encaixes e morfologia das próprias peças (e porque tinha muito mais variedade e quantidade de peças de LEGO). Esta fase contou em muito com a ajuda do meu irmão (que é bem mais dotado para a mecânica e construção do que eu). Foram criados vários protótipos, com o intuito de criar diferentes movimentos (ilustrado pelo vídeo abaixo).
E foram feitas igualmente algumas experiências com os protótipos a escrever.
Episódio 2: Reformulação da abordagem ao projeto
Deixei o projeto quieto durante 1 semana, para poder pensar melhor sobre ele. Eventualmente, decidi que seria muito mais eficaz se conseguisse criar um único protótipo que permitisse vários movimentos, mais uma vez, a ajuda de terceiros foi crucial. Duas mentes pensaram melhor que uma.
O objeto final é o que se segue:
Permite movimentos circulares e em linha reta.
Episódio 3: Primeiras experiências (com o protótipo novo)
Depois de construído o “braço”, foram novamente feitas algumas experiências:
Episódio 4: Desenvolvimento do alfabeto
Estas letras foram escritas utilizando o já finalizado braço mecânico, fiz várias experiências até encontrar as formas das letras que tinha imaginado.
Posteriormente, as fotografias foram tratadas em Photoshop e Illustrator, acima encontram-se as letras apenas traduzidas com anchor points e com pequenos arranjos. As proporções entre letras aqui ainda são as originais.
Por curiosidade, uniformizei as proporções e a espessura para formar um conjunto mais coerente. Também fiz pequenos arranjos nos anchor points para tornar as formas mais suaves e intencionais. Obtive um alfabeto mais equilibrado mas que perdia parte da expressividade que a utilização de um gesto mecânico oferece.
(Abaixo, um vídeo com o braço a ser operado por mim.)
(O mesmo braço mas desta vez operado pelo meu irmão. Achei interessante a forma como ele pensou em fazer a letra ‘T’ com 2 movimentos contínuos sem levantar o pincel do papel, primeiro em linha reta e depois finalizado com uma linha curva.)
Episódio 5: Considerações finais
Apesar de ser um projeto que pretendia refletir e trabalhar no gesto mecanizado, acabou por se tornar uma simbiose entre o fator humano e o fator máquina. O braço limitava-me a número preciso de movimentos, que eram estáticos e constantes, no entanto, a minha sensibilidade humana e de designer desempenhou também o seu forte papel, especialmente na fase de “pós produção” das letras. Senti necessidade de retocar e afinar alguns dos traços, mesmo não mexendo nas proporções entre letras e na escala de cada letra. O resultado foram 2 alfabetos que se confrontam: um o resultado mais orgânico e natural tal como foi redigido com o braço, mantendo a estrutura original; e um outro com intervenção sensível minha, utilizando o illustrator, uniformizando as letras entre si (espessura dos traços e escala). Esta segunda variante perde um pouco a expressividade inicial proposta, não se consegue identificar imediatamente como algo criado usando um método experimental, neste caso um braço mecânico feito de LEGO. Esta última também poderia eventualmente ser mais facilmente trabalhada para uma font display type.
Por outro lado, ambas as versões poderiam constituir variantes de uma mesma font, poderia ser interessante apresentar as duas como opções.
Quis desenvolver ambas as versões para poder comparar o resultado, tinha curiosidade em saber como é que o alfabeto se poderia apresentar nessa dualidade: original vs homogéneo. No geral, estou satisfeita com as explorações efetuadas, espero um dia no futuro poder revisitá-las, talvez incluir até outras pessoas que possam operar o braço, e ver quais os diferentes desenhos das letras que poderei obter.
EDIT 2020 