Neste artigo farei uma apresentação do formato Open Type Font Variations, mais conhecido como Variable Fonts, e apontar minhas intenções práticas.
O formato Open Type Font Variations foi lançado em 2016 através de esforços conjuntos de Microsoft, Google, Apple e Adobe. Com este novo formato é possível em um único arquivo de fonte digital ter acesso aos recursos que antes se encontravam distribuídos em diversas fontes individuais. Em artigo introduzindo o formato, John Hudson deu um panorama precioso acerca das principais novidades.
An OpenType variable font is one in which the equivalent of multiple individual fonts can be compactly packaged within a single font file. This is done by defining variations within the font, which constitute a single- or multi-axis design space within which many font instances can be interpolated. A variable font is a single font file that behaves like multiple fonts.
— John Hudson, 2016.
Já houve, em décadas passadas, diversas propostas e formatos de tipografia digital dinâmica, como as fontes paramétricas de Donald Knuth e seu sistema TeX, o formato Multiple Masters da Adobe ou o TrueType GX variations da Apple, que é a base para o atual Open Type Font Variations.
Cada um destes formatos, por motivos distintos, nunca chegou a se tornar realmente popular. As Variable Fonts têm a vantagem de aprimorar experiências passadas e se basearem em um formato que já é o padrão para a web. Dentre as inúmeras vantagens John Hudson delimitou algumas:
There are numerous benefits to this technology. A variable font is a single binary with greatly-reduced comparable file size and, hence, smaller disc footprint and webfont bandwidth. This means more efficient packaging of embedded fonts, and faster delivery and loading of webfonts. The potential for dynamic selection of custom instances within the variations design space — or design-variations space, to use its technical name — opens exciting prospects for fine tuning the typographic palette, and for new kinds of responsive typography that can adapt to best present dynamic content to a reader’s device, screen orientation, or even reading distance.
— John Hudson, 2016.

Portanto, mesmo famílias tipográficas que possuam apenas variações de peso, digamos do Light ao Black, podem se beneficiar deste novo formato. Há enorme redução no tamanho do arquivo e tempo de carregamento em páginas e aplicações, mas também há a conveniência de disponibilizar um único arquivo de fonte digital, para o caso de uso em desktop.
Enquanto que as mudanças em como os glifos e mestras são desenhadas não são tão grandes, isto é, não alteram drasticamente o modo com os type designers criam novas famílias de tipos com diferentes variações (peso, largura, inclinação etc.), as mudanças em como as fontes são produzidas são maiores. Aspectos como posicionamento de glifos e funções de composição (superiores, inferiores, frações, ligaduras etc.), hinting, kerning, swashes e outros aspectos podem sofrer modificações maiores, especialmente à nível de engenharia de produção das fontes.
Neste sentido, apesar de apresentar enormes vantagens, há alguns desafios para os produtores e distribuidores de fontes e isto ajuda a explicar porque quatro anos após a introdução do formato de fontes variáveis ainda há menos lançamentos neste formato que fontes “estáticas”. Existe um considerável nível de planejamento e aprendizado técnico.
Para aprofundar-se
Alguns bons recursos para introduzir-se no tema são o já mencionado artigo de John Hudson, postagens nos blogs das foundry Monotype e Fontsmith, além de tutoriais como dos editores de tipos Glyphs e Robofont.